Cancro da Próstata

EPIDEMIOLOGIA

É o cancro mais frequente no homem em Portugal 6 600 novos casos de cancro da próstata por ano em Portugal 4ª causa de morte por cancro em Portugal 2ª causa de morte por cancro no homem em Portugal 1 800 mortes por ano em Portugal.

FACTORES DE RISCO

Idade, 60% dos diagnósticos em homens com mais de 65 anos, Raça negra. Mais comum na América do Norte, Europa Ocidental, Austrália e Caraíbas. Vida sedentária, Consumo de carne em excesso. História familiar: familiar em primeiro grau com cancro da próstata, sobretudo se diagnosticado antes dos 60 anos

SINAIS E SINTOMAS

A doença localizada não é sintomática. São quase sempre tardios e associados a doença avançada. Quando avançado, o cancro da próstata pode estar associado a alterações da micção. A evolução é habitualmente lenta. Alterações da micção. Dor óssea e fraturas associadas a lesões da coluna e costelas, na doença avançada.

DIAGNÓSTICO

O rastreio do cancro da próstata deve estar reservado a homens a partir dos 50 anos e com sobrevida superior a 10-15 anos. Existem escalas que ajudam a definir o risco da doença e a probabilidade da sua evolução. Actualmente é defendido o rastreio de oportunidade – não se deve procurar o cancro em todos os homens pois corremos o risco de tratar a mais. O diagnóstico faz-se através da análise do PSA, do toque rectal e da biópsia da próstata. A biópsia da próstata consiste em retirar pequenos fragmentos através de uma agulha por via transrectal, com anestesia local. Os efeitos secundários mais frequentes da biópsia da próstata são sangue no esperma, na urina ou nas fezes. A biópsia prostática não tem o risco de alastrar a doença. Através da análise da biópsia é determinada a escala de Gleason, que classifica a agressividade do cancro da próstata e pode variar entre 6 (pouco agressivo) e 10 (muito agressivo). A ressonância magnética é uma boa arma diagnóstica: pode ser usada para avaliar o risco da presença da doença, e para orientar a biópsia prostática.

Tratamento

O tratamento depende do estadio da doença,idade e estado geral do doente.
DOENÇA LOCALIZADA
Para homens com esperança de vida <10 anos o tratamento preferido é a supressão hormonal (testosterona), uma vez que se trata de um tumor hormonodependente. Pode ser feita de duas formas: cirúrgica (remoção dos testículos) ou química, com medicamentos que inibem a produção de testosterona (habitualmente injecções). Trata-se de um tratamento paliativo, com eficácia temporária (alguns anos), mas que permite evitar os efeitos secundários dos tratamentos curativos, e ao mesmo tempo controlar a doença.

Para homens com esperança de vida >10 anos, os tratamentos propostos têm como objetivo a cura. Cirurgia: (Prostatectomia Radical), consiste na remoção da próstata, vesículas seminais e, em casos de doença mais agressiva, também dos gânglios linfáticos locais. Em alguns casos (doença mais agressiva), pode ser necessária a realização de radioterapia após a cirurgia. Radioterapia Externa: através de uma máquina são libertados raios de elevada energia, com intuito de destruir as células tumorais prostáticas, tentando poupar ao máximo os tecidos normais circundantes. Habitualmente são realizados tratamentos diários durante 7 a 8 semanas.

Em casos de doença de maior risco, a esta técnica pode ser associada hormonoterapia durante 6 a 36 meses. Braquiterapia: a radiação provém de material radioactivo contido em sementes, agulhas ou finos tubos de plástico, e que são colocados directamente na próstata. Esta técnica pode ser utilizada sozinha ou em associação à radioterapia externa. Vigilância Ativa: em alguns casos de tumores com características de baixa agressividade pode ser proposta apenas vigilância. Isto implica um plano de seguimento apertado, que implica o doseamento de PSA, ressonância magnética e biópsia prostática de forma periódica.
DOENÇA METASTIZADA
Os locais mais frequentes de metastização (focos de tumor fora da próstata) são os gânglios linfáticos e o osso. Na grande maioria dos casos trata-se de uma doença incurável. Os tratamentos disponíveis são realizados, com intuito paliativo, com os seguintes objetivos:

– Controlar a doença e atrasar a sua progressão

– Aumentar o tempo de vida

– Melhorar os sintomas relacionados com a doença e evitar o seu aparecimento.

Hormonoterapia ou castração cirúrgica: é a base do tratamento da doença metastizada. Tem como objetivo a supressão hormonal.

A eficácia da hormonoterapia é temporária, durando habitualmente 2-3 anos, tornando-se o cancro da próstata resistente à castração. Isto significa, que mesmo com níveis de testosterona muito baixos, o tumor progride e as metástases crescem. Em associação à supressão hormonal realizam-se outros tratamentos:

Hormonoterapia de 2ª geração: Medicamentos orais (comprimidos) que inibem a produção de hormonas masculinas produzidas em menores quantidades noutras
localizações.

Quimioterapia: é um tipo de tratamento utilizado para destruir as células tumorais. No cancro da próstata, é um tratamento administrado
por uma veia, sempre em contexto hospitalar.

Prognóstico

Bom prognóstico com >95% de doentes vivos ao fim de 5 anos. Varia consoante o estadio em que é diagnosticado. Quando se trata de doença localizada e é realizado um tratamento com intuito curativo, temos uma taxa de cura de 40 a 85%. Quando se trata de uma doença metastizada, cerca de 30% dos doentes estão vivos ao fim de 5 anos. Após tratamento curativo, 3 em cada 10 doentes terão recidiva da doença