Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Cancro de cabeça e pescoço – a AICSO alerta para a importância do diagnóstico precoce

30/07/2021
Avatar for story-aicsostory-aicso
Ana Joaquim

Publicação: News Farma
Data: 30/07/2021
Categoria: Cancro do Pescoço e da Cabeça


Três mil novos casos de cancro de cabeça e pescoço em Portugal todos os anos

A Associação de Investigação de Cuidados de Suporte em Oncologia (AICSO) alerta para a importância do diagnóstico precoce do cancro de cabeça e pescoço para aumentar as taxas cura do tratamento desta doença.

A Dr.ª Ana Joaquim, presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço, explica que o principal fator de risco é o consumo crónico de tabaco e/ou bebidas alcoólicas. No caso específico do cancro da orofaringe existe outro fator de risco que tem vindo a aumentar – a infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV), sexualmente transmissível pelo contacto pele com pele e/ou mucosa. “Outros fatores de risco são a higiene oral deficitária e próteses dentárias mal-adaptadas (no cancro da cavidade oral) e a exposição a determinados agentes como o pó da madeira ou da cortiça (no cancro das fossas nasais e seios perinasais)”, sublinha.

O cancro de cabeça e pescoço envolve os tumores das vias aerodigestivas da cabeça e do pescoço – as vias por onde circulam o ar e os alimentos, ou seja, a boca, o nariz, a faringe (que se divide em naso, oro e hipofaringe) e a laringe. Na grande maioria dos doentes, os sintomas começam e desenvolvem-se sem que lhes seja dada a devida atenção. “Os sintomas do cancro de cabeça e pescoço são relativos às localizações especificadas antes – lesões da mucosa da cavidade oral (aftas, lesões brancas ou vermelhas), dor de garganta, dificuldade ou dor em engolir, rouquidão, massas ou nódulos no pescoço. Apesar destas queixas serem comuns a muitas doenças benignas, deve ser dada especial atenção quando duram três semanas ou mais. Nessa altura, a recomendação é procurar o médico”, aconselha.

Na opinião da especialista, é fundamental recorrer precocemente aos cuidados de saúde nestas situações. “Quanto mais cedo se iniciar o tratamento da doença, maior a probabilidade de cura e de menos sequelas dos tratamentos”, afirma. “Quando diagnosticado em fase inicial, o cancro de cabeça e pescoço é tratado com uma única modalidade de tratamento, como cirurgia ou radioterapia, com uma probabilidade de cura de cerca de 90%”, acrescenta.

Alerta que, “quando diagnosticado em fase avançada, os tratamentos são multimodais (ou seja, a combinação de cirurgia e/ou radioterapia e/ou quimioterapia) e a probabilidade de cura desce para cerca de 50-60%, à custa de sequelas mais ou menos mutilantes dos tratamentos”. Hoje em dia cerca de dois terços dos novos casos ainda são diagnosticados em fase avançada. A fase dos tratamentos pode ser violenta sob os pontos de vista físicos e psicológicos. Segundo a vice-presidente da AICSO, por exemplo são muitas as situações em que é necessário realizar extrações dentárias múltiplas para que a radioterapia seja realizada em segurança.

Para os sobreviventes são muitos os desafios após a conclusão dos tratamentos. “Falamos da adaptação a uma nova realidade, que implica viver com sequelas dos tratamentos. Por exemplo, os doentes que realizam tratamento radical à base de radioterapia, ficam com a boca e garganta seca, muitas vezes com o paladar alterado, e, a nível do pescoço, com a pele espessa e, por vezes, inchada. Noutros casos, os doentes passam a viver traqueostomizados, necessitando de reaprender a comunicar. Noutros ainda, ficam dependentes de sondas para alimentação”, salienta a Dr.ª Ana Joaquim. “Esta adaptação é possível, mas exige de todos – profissionais e instituições de saúde, sociedade, doentes e cuidadores – um esforço para oferecer os melhores cuidados de suporte a estes doentes, tentando minimizar as complicações e devolvê-los à sociedade, no final dos tratamentos, com qualidade de vida e aptos para retomar as suas atividades”, defende. Considera, por isso, que são fundamentais várias valências de suporte desde o início da jornada terapêutica – Nutrição, Psicologia, Reabilitação, Assistência social, cuidados aos estomas, etc.

VER: REPORTAGEM