Profissionais de saúde e especialistas em exercício físico em doentes com cancro promovem aula no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a 21 de outubro, e no IPO de Coimbra, no dia 30, para sensibilizar doentes, sociedade civil e órgãos decisores.
A ciência já provou que o exercício físico é eficaz na melhoria de alguns sintomas e performance física, seguro nas várias fases da doença. E é por isso mesmo que a campanha Mais vida e em equilíbrio com o cancro da mama foi lançada, para consciencializar os doentes, os profissionais de saúde e a sociedade em geral da importância da prática de atividades físicas.
De recordar que a elegibilidade do doente para a prática de exercício físico deve sempre ser discutida em contexto multidisciplinar porque, como se sabe, cada caso é um caso e a individualidade do doente deve sempre ser tida em conta.
“É fundamental que os profissionais de saúde desta área e as pessoas que cuidam, tenham esse conhecimento sobre a segurança e benefício das intervenções com base no exercício físico. Como em qualquer outra área, sabemos que uma abordagem personalizada e uma boa comunicação entre especialistas será o garante para uma prestação de cuidados global e que vá realmente ao encontro das necessidades de quem cuidamos”, lembra Anabela Amarelo, membro da AICSO e enfermeira de Oncologia, especialista em Enfermagem de Reabilitação no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.
Assista, abaixo, ao vídeo da campanha Mais vida e em equilíbrio com o cancro da mama:
Mas porquê realizar esta campanha em outubro? Porque este é o mês de consciencialização do cancro da mama. Nesse sentido, a campanha levará a vários hospitais do país aulas dirigidas a doentes que estejam a atravessar esta neoplasia maligna.
“Antigamente o que se defendia era que as pessoas que atravessassem tratamentos contra o cancro da mama deviam resguardar-se e guardar a energia, mas a ciência veio mostrar que isso é um erro tremendo”, explica a oncologista Ana Joaquim. Ou seja, nas doses adequadas, o exercício físico é um importante aliado dos outros tratamentos. Entre os diversos benefícios que esta prática pode trazer destaca-se a redução da fadiga, da ansiedade e da depressão e um melhor funcionamento físico da pessoa, contribuindo tudo isto para um aumento da qualidade de vida. “Tudo isto está demonstrado com o mais elevado grau de evidência”, reforça a especialista Ana Joaquim. Opinião partilhada por Alberto Alves, professor em Actividade Física e Saúde, quando diz que “as doentes em tratamento experienciam menos efeitos adversos do que as doentes que não praticam exercício físico”.
A Associação de Investigação de Cuidados de Suporte em Oncologia (AICSO) defende assim que o exercício físico devidamente supervisionado e individualizado deve ser incluído no plano de tratamentos para as pessoas com diagnóstico de cancro de mama, como um “medicamento”, a par de outras terapêuticas, como analgésicos e outros medicamentos de suporte, assim como dos tratamentos dirigidos ao cancro, como é o caso da cirurgia, radioterapia, quimioterapia, entre outras.
“Fala-se muito da necessidade de humanizar e personalizar cada vez mais a medicina, o que engloba não só a relação médico-doente, mas também a individualização terapêutica”, lembra Telma Costa, oncologista e membro da direção da AICSO, acrescentando que os planos terapêuticos “têm de ser desenhados numa perspetiva mais holística, incluindo o tratamento dirigido ao cancro, claro, mas também o tratamento de suporte, pois as pessoas têm uma vida para viver para além da doença e precisam de a viver com a máxima qualidade e bem-estar possível”.
Para chamar a atenção para a importância do exercício em mulheres com cancro de mama a AICSO, através do programa ONCOMOVE, já esteve com a campanha no norte do país, sendo que Lisboa é o próximo destino, seguido de Coimbra.
“Vamos estar no maior hospital do país – Hospital de Santa Maria – no dia 21, às 10h30, para dar uma aula para mulheres que têm ou tiveram cancro de mama e, em Coimbra, a 30 de outubro, às 15h30, a coincidir com o Dia Nacional da Prevenção contra o Cancro da Mama”, revela Anabela Amarelo, membro da AICSO e enfermeira de Oncologia, especialista em Enfermagem de Reabilitação no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.
O ONCOMOVE não se cinge ao cancro da mama, é muito “mais abrangente”, explica o professor Alberto Alves. “Já tivemos projetos na área do cancro da cabeça e pescoço, cancro da próstata e cancro gástrico”, diz o especialista. Além disso, há dois projetos comunitários que estão a ser desenvolvidos junto da sociedade civil no cancro da mama e cancro da próstata.
Formato: Imprensa escrita digital | Publicação: SIC Notícias